Sinto alguma solidão, mas acho que cada vez gosto mais de estar sozinha. Considero que não é exatamente a idade que me define hoje, mas outras condições que lhe estão associadas: já não me apetece apoquentar com a aparência, a lentidão de vontades, a penúria de energia e de paciência para uma certa burrice.
Nunca me achei propriamente bonita... não sei se alguma vez me acharam bonita, especialmente quando era moça. A minha aparência era banal: morena, esguia, de estatura média. Ainda bem!
Tenho uma boa realização profissional, que não sei se teria obtido noutro lugar. Se tivesse seguido outra carreira, teria tido outra vida que não sei imaginar. O que sei é que, em diversas alturas, me senti desafiada e cumpri.
No campo romântico: tenho um companheiro de vida há trinta e dois anos e não tenciono ter mais nenhum, independentemente do que venha a acontecer no futuro. Houve um momento em que alguém me perguntou se tinha feito a escolha certa: não sei, nem nunca terei forma de o saber, assim como não sei se me terei realizado inteiramente neste campo..., mas também não matuto sobre isso.
Fui amada e, agora, vejo claramente que nesse campo, por vezes, fui eu que amei pouco! A incapacidade sempre esteve em mim... era eu que sentia um vazio interior, onde deveria estar amor...
Gosto de me dar aos outros e, muitas vezes, sinto que não recebo na mesma medida. Isso também acontece porque nada peço. Se eu não peço ajuda, os outros não adivinham que eu possa precisar dela. Eu sei escutar as pessoas e até os seus silêncios, mas não sei expressar-me de forma percetível. A maneira como melhor me dou, a minha mais doce forma de amar, é ouvindo e apoiando as pessoas de quem gosto. Adoro os meus!
Não vivo eufórica, mas não choro, não me desunho nem me descabelo. Sou grata pela minha vida e pelo que alcancei. Fui redefinindo as prioridades. O que verdadeiramente me preocupa hoje é a minha mãe...
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