Um cheiro sente-se...
Um cheiro sente-se quando se fecham os olhos, não é?
E escuta-se. Porque todos os cheiros têm um som.
Sentada na areia húmida ouço o som do mar.
Escuto os segredos que ele quer partilhar comigo...
Dos sítios por onde andou, das pessoas que já viu, das lágrimas que se fundiram com ele...
As ondas vêm e vão. A espuma da rebentação presenteia-me com uma melodia quase maravilhosa... é como se milhões de vidrinhos se juntassem, para gerar uma sinfonia encantadora.
Cruzo as pernas e deixo que o sol me anime. O vento afaga-me os cabelos. O cheiro a maresia entranha-se-me no corpo e na alma. Relaxo. Respiro o ar salgado que me revigora. Fecho os olhos. Deixo-me transportar pelo som das ondas e do vento. Sinto-me leve e em paz.
Penso: Quantas vezes fazemos aquilo que realmente queremos fazer? Aquilo que nos dá gozo, que nos completa no que há de mais profundo na nossa essência...
Sinto a paz a invadir o meu corpo e, sobretudo, o meu coração.
Acredito que a vida sabe sempre onde é o nosso lugar.
Mais uma vez, sinto que este é o meu lugar. Que é aqui que pertenço. A esta praia, a este mar, a esta vida!
Aqui, com o mar, o sol e o vento como companhia sinto-me em casa.
É aqui que pertenço.
Sozinha.
Mas nunca efetivamente só!