Nesta altura do ano, há uma variedade de fatores que muitas vezes levam a que esta época de festas se transforme numa época nem sempre muito fácil e feliz.
Esta época está recheada de coisas doces, mas não só... traz muitas vezes desafios apensos. Há algumas vivências menos agradáveis que esta quadra pode trazer:
As pessoas que já cá não estão e cujas saudades doem um bocadinho mais nesta altura do ano...
As pessoas que não queremos desapontar na época de festas, mesmo que as afinidades sejam agridoces...
A diversidade de atividades em que nos obrigamos (ou sentimos obrigados) a participar (ou organizar) mesmo que não nos façam felizes...
A solidão e isolamento das nossas vidas que muitas vezes tentamos camuflar e que careceriam de mais proximidade afetiva...
A expetativa social que nos leva a imaginar um Natal “perfeito”, rematado com a foto da típica família feliz, vestida com as típicas camisolas vermelhas e enfeites de Natal na cabeça...
Há algum tempo alguém (ainda muito jovem) perguntava-me pelo presente que esperava ter recebido, mas que a pandemia não tinha deixado, e quase de imediato disse: “É verdade tu não dás prendas!” O “hábito” já vem de família, pois um familiar mais velho (há muito anos) disse-me uma vez: “Parti o prato que me deste, mas ainda bem que foi esse; se fosse o que a A. me tinha dado era pior, pois era de cristal!” O prato a que ela se referia tinha sido um presente de Natal e tinha sido pintado por mim...
Depois deste episódio fiquei a pensar: Porque tenho de corresponder a estes valores que não correspondem aos meus?
Viver a tradição dos tempos modernos desta forma aumenta a pressão que sentimos, oferecer o presente adequado, corresponder ao que se espera de nós, socialmente, para nos sentirmos validados porque oferecemos a prenda mais cara...
A minha história pessoal ensinou-me a abordar esta época de maneira diferente: oferecer experiências, doar o meu tempo, a minha presença! Fazer os meus próprios presentes ou surpreender com presentes inesperados, mas com significado especial!Na minha opinião é cada vez mais importante apreciar a partilha sincera. Desligar o significado do momento do materialismo instalado.
É preciso cada vez mais estar presente, de facto, e não apenas presentear.
Neste Natal que sejamos gentis, generosos e pacientes com os outros, mas principalmente connosco!
Cuidemos dos outros, mas também de nós!
Façamos os outros felizes, mas façamo-nos também felizes a nós próprios!!
Boas Festas!
![image.jpeg]()
... e um doce Natal!